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PROFMAT é destaque em Campina Grande e palestras abrem horizontes da comunidade científica no EMPA

Na 7ª edição do evento, convidados aprovaram intercâmbio de ideias distintas na área de Matemática e aguardam por novos encontros na região Nordeste

No início deste mês, Campina Grande, na Paraíba, foi palco do 7º Encontro de Matemática Pura e Aplicada (EMPA) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O evento é apoiado pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), que, inclusive, contou com sua Vice-Presidente Jaqueline Mesquita entre os membros da comissão científica. 

Foto: Myllena dos Santos Freire – Sétima Edição do EMPA do PROFMAT arrancou elogios dos participantes

A SBM é a responsável por organizar o Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional (PROFMAT), que conta com vários pólos em universidades espalhadas pelo Brasil. O EMPA – que incentiva o intercâmbio científico entre alunos e pesquisadores da Paraíba e de outros estados na área de Matemática – lançou, na edição de 2023, uma Sessão Temática (ST) para divulgar os trabalhos e projetos dos participantes do PROFMAT, sejam eles de qualquer Instituição de Ensino Superior (IES).

Foto: Myllena dos Santos Freire – Jaqueline Mesquita, Vice-Presidente da SBM, esteve presente em Campina Grande para o EMPA

Dessa forma, os inscritos no EMPA tiveram a oportunidade de expor seus projetos através de palestras curtas, estimulando a interação com alunos de outras regiões do Brasil e a discussão de temas pertinentes na área de Matemática. 

No total, seis palestrantes do PROFMAT foram protagonistas da ST:

Carmen Vieira Mathias (UFSM)
Título da exposição: “Sobre as mudanças das tecnologias no ensino de Matemática em um  determinado tempo e espaço”

João Coelho Silva Filho (UEMA)
Título: “Congruência: Aplicações aos Critérios de Divisibilidade, Código de Barras e Outros”

Ledo Vaccaro Machado (CESGRANRIO)
Título: “Figura Decorativa de Números sobre Fundo Ornamental”

Orlando Stanley Juriaans (IME/USP)
Título: “Cálculo: de Newton a Schwartz com considerações sobre desenvolvimentos recentes”

Viviane de Oliveira Santos (UFAL)
Título: “Produções acadêmicas do Profmat”

Walcy Santos (UFRJ)
Título: “Impactos da distância na Geometria”

Professora de Matemática na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Carmen Vieira Mathias brilhou em um assunto interessante para a questão multidisciplinar na área em dias atuais: a evolução das tecnologias educacionais para estimular os professores na arte de ensinar. E sua experiência na utilização de artefatos digitais relacionados a entes geométricos só auxiliou em sua palestra direcionada a docentes da disciplina na rede básica de ensino. 

Foto: Myllena dos Santos Freire – Carmen Vieira Mathias, da UFSM, focou em motivar o público a trabalhar com tecnologias educacionais no ensino de Matemática

“A ideia principal era perceber as relações de ensino e aprendizado da Matemática propostas pelas tecnologias digitais disponíveis em diferentes épocas. Tentei mostrar exemplos de atividades que podem motivar os alunos de graduação e do PROFMAT a trabalharem com tecnologias educacionais no ensino de Matemática. Esse foi meu foco, os professores que trabalham no Ensino Básico e podem utilizar essas tecnologias com seus alunos”, explicou Carmen, que também apresentou uma oficina de modelagem 3D com outro professor da UFSM no evento. 

Por sua vez, Walcy Santos, Diretora da SBM e Coordenadora do PROFMAT pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), apresentou uma palestra para focar também em docentes sobre o ensino de Geometria de uma perspectiva distinta da que estamos acostumados a ver em salas de aula. 

Foto: Myllena dos Santos Freire – Walcy Santos, da UFRJ, apresentou palestra voltada a área de Geometria para docentes no EMPA

“Tinha como objetivo apresentar modelos de Geometria com maneiras diferentes de medir distância entre pontos e que tornam resultados muito conhecidos da Geometria Plana Euclidiana falsos. Com isso, a ideia era motivar os professores com a possibilidade de apresentar modelos geométricos relativamente simples em que não são verdadeiros resultados muitos usados de Geometria, cuja veracidade nunca é questionada. Porque eu acredito que a Matemática deve ser apresentada de forma a instigar o aluno a pensar e não decorar fórmulas ou receitas. Formar cidadãos críticos é nosso papel”, expôs a pesquisadora. 

Quem também foi protagonista do grupo do PROFMAT em Campina Grande foi João Coelho Silva Filho. O professor do Departamento de Matemática e Informática da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) trouxe à tona a Teoria dos Números ao cotidiano do mundo digital, especificamente as adequações e os critérios de divisibilidade. 

Foto: Myllena dos Santos Freire – João Coelho Silva Filho (UEMA) apresentou tema da Teoria dos Números ao cotidiano do mundo digital, em especial as adequações e os critérios de divisibilidade

Em sua palestra, Coelho usou como referência em grande parte o nigeriano Chika Ofili, de apenas 12 anos, que criou um critério de divisibilidade por 7. “Quis mostrar que o trabalho (de Chika) não era inédito. Não quero tirar o mérito da genialidade e a importância do trabalho dele, um garoto de origem humilde no interior da África, mas o trabalho dele estava similar a um publicado na RPM (Revista Professor de Matemática), da década de 1980. Os critérios de divisibilidades  foram aplicados na construção de números de CPF, cartão de crédito e código de barras, além de mostrar os códigos existentes e fundamentados  na congruência e critérios de divisibilidade.”, complementou o pesquisador. 

FORMAÇÃO DE VENTO EM POPA

Além das palestras, a ST também agregou Comunicações Orais Curtas de sete participantes do PROFMAT. Entre eles, Railson Pereira de Sousa, egresso do Programa de Mestrado pela UEPB, que apresentou o tema de sua dissertação, intitulado “A importância da Argumentação Matemática na Resolução de Problemas”. 

“Esse tema é totalmente voltado para os professores de matemática da Rede Básica de Ensino. Desde que eu entrei no PROFMAT, comecei a ter uma visão diferenciada do ensino da matemática, no sentido de desenvolver a disciplina de sua forma plena, com rigor e formalismo, mostrar os teoremas e dizer que isso é essencial. A minha dissertação voltou justamente para tal ensino, mas focada também no aluno para a resolução de problemas. Isso possibilitou aos meus alunos uma mudança na realidade social deles”, explicou Pereira, que é docente na rede municipal de Juazeirinho (PB) e na rede estadual. 

Foto: Myllena dos Santos Freire – Egresso do PROFMAT pela UEPB, Railson Pereira de Sousa foi destaque na série de Comunicações Curtas Orais no EMPA

O período curto de experiência como professor já rendeu ótimos resultados para Railson, em especial na Olimpíada Brasileira de Matemática (OBMEP). “Com essa dinâmica em sala de aula, conseguimos ter três alunos premiados: uma medalha de ouro, uma medalha de bronze e uma menção honrosa. E eu fui um professor premiado na 17ª OBMEP. Então, o PROFMAT me abriu os olhos e me trouxe qualificação profissional para que pudesse desenvolver essa metodologia com meus alunos”, completou o docente.

NORDESTE APROVADO

A repercussão da nova edição do EMPA no Nordeste foi um sucesso pela comunidade científica do PROFMAT. “Foi realmente grandioso e motivador para os alunos da graduação e do PROFMAT da UEPB, além da oportunidade de divulgar a produção matemática no PROFMAT”, aprovou Coelho. 

Quem corrobora o ponto de vista é Carmen Vieira, que revelou, inclusive, consequências positivas de sua participação no EMPA. “Foi uma experiência incrível, porque tive a chance de ter contato com colegas de outras universidades interessadas no nosso trabalho e no nosso projeto. Com isso, já obtivemos convites de parcerias. Então, é algo realmente recompensador ir em um lugar onde as pessoas gostam de trabalhar e querem aprender coisas novas e atuais”, contou. 

Foto: Myllena dos Santos Freire – Palestrantes da ST foram apreciados por Aldo Trajano Lourêdo (UEPB) e Gustavo da Silva Araújo (UEPB), da comissão organizadora do evento

Já Walcy Santos admitiu esperar com ansiedade pela próxima edição, uma vez que são raros os eventos nas instituições. “Estar no Nordeste me faz sentir que minhas palestras têm um impacto maior, talvez pela própria carência de eventos como este com frequência. Falei com o coordenador que ter auditórios cheios de alunos, com olhos brilhando por receber novo conhecimento, olha, não tem preço que pague”, comemorou a pesquisadora. 

Publicado emNotícias